MARCA-ipatinga-01

Município já opera com 100% de ocupação em leitos pediátricos

CARATINGA– Diante da crescente demanda por atendimentos e da superlotação dos leitos hospitalares, a Prefeitura de Caratinga decretou situação de emergência em saúde pública em razão do aumento de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). O decreto, permite que o município adote medidas emergenciais para conter o avanço da doença e salvar vidas.

O prefeito Dr. Giovanni Corrêa afirmou que a decisão é preventiva e visa dar celeridade às ações administrativas. Para ele, a função de um gestor público é se antecipar aos cenários de crise. “O administrador público tem que andar na frente, ele tem que evitar que tragédias aconteçam”, declarou.

Ele explicou que a decisão foi tomada em consonância com o governo estadual, após o alerta de que diversos municípios mineiros já estavam com ocupação total de leitos hospitalares. “Com muita determinação e sabedoria, o Estado decretou a situação de emergência, e Caratinga, então, seguiu o mesmo caminho. Não é para fazer farra de gastança, não é para comprar nada sem licitação. Isso é ignorância de quem não conhece o fluxo administrativo. Isso é para que implementemos medidas para evitar o aumento da síndrome”.

O prefeito também ressaltou a necessidade de agilidade nos processos de compra de equipamentos, caso seja necessário. “Se você não estiver em estado de emergência, demora três meses para licitar um respirador. Em estado de emergência, você consegue comprar dentro do preço de mercado e salvar uma vida em 24 horas. É isso que é um decreto de emergência: um instrumento da administração pública para a salvação de vidas”.

A preocupação com a capacidade atual do sistema de saúde é justificada. Segundo ele, todos os leitos pediátricos e UTIs estão ocupados. “Já temos que andar na frente. Se precisarmos de mais leitos, temos que contratar em caráter de emergência, seja de UTI, seja leitos pediátricos ou de clínica médica. Muito melhor você ter essa situação de emergência e salvar vidas do que não tê-la e perder vidas”.

Além disso, a Prefeitura já mobilizou hospitais locais para que estejam prontos para atender possíveis demandas emergenciais. Ele também anunciou a designação de uma pediatra com vasta experiência para atuar na UPA, com a missão de regular pacientes e garantir que os casos mais graves sejam encaminhados rapidamente para internação.

PROVIDÊNCIAS

A secretária municipal de Saúde, Paula Botelho, reforçou a importância do documento como ferramenta de gestão diante da emergência. “Esse decreto veio para nos auxiliar nas tomadas de decisão e, a partir dele, elaboramos um plano de contingência em conformidade com os dados locais e estaduais”.

Entre as ações imediatas está a solicitação de ampliação de leitos clínicos e de leitos de UTI pediátrica, uma carência histórica no município. A secretária destacou o expressivo aumento de atendimentos na UPA nas últimas semanas. “Só nesses primeiros 12 dias de maio, tivemos 2.020 atendimentos na UPA, sendo 468 de crianças de 0 a 12 anos”.

Ela ressaltou que a maior preocupação é evitar a desassistência, principalmente dos grupos mais vulneráveis. “No último sábado, tivemos uma criança que precisou de UTI pediátrica e conseguimos transferência para o Vale do Aço, mas toda a nossa região está sobrecarregada. Precisamos ampliar nossa estrutura aqui dentro”.

Além da infraestrutura, a Secretaria está apostando na capacitação de profissionais da rede e no reforço das ações de vacinação. “Estamos intensificando nossas ações de imunização e no próximo sábado, dia 17, faremos o Dia D de vacinação contra a influenza. Todas as Unidades Básicas de Saúde estarão abertas das 8h às 16h, e o vacimóvel circulará pelos bairros”.

Paula também orientou a população a buscar atendimento ao menor sinal de sintomas respiratórios. “Todas as nossas unidades estão com equipes completas e preparadas para atender e encaminhar os casos conforme a gravidade. Nosso objetivo é evitar hospitalizações desnecessárias e garantir que os casos graves tenham acesso rápido à assistência adequada”.

A DOENÇA

A médica da atenção básica do município, Natalie Batista, que também atua em terapia intensiva, explicou que existem três classificações clínicas de síndromes respiratórias e destacou quais sintomas devem acender o alerta. “O primeiro é o resfriado comum, com sintomas leves e que normalmente não evolui. Já a síndrome gripal apresenta febre, dor de garganta, mialgia, coriza, olhos lacrimejando, fadiga. Mas o que mais nos preocupa é a Síndrome Respiratória Aguda Grave, que traz sinais de gravidade como falta de ar, respiração acelerada, pressão baixa e confusão mental”.

Segundo a médica, esses quadros podem evoluir rapidamente, especialmente em idosos, crianças e pessoas com comorbidades. “Um idoso com Alzheimer, por exemplo, pode apresentar um grau de confusão ainda maior do que o habitual. Crianças com vômitos, diarreia e desidratação também são casos de atenção imediata. Pacientes com doenças pré-existentes como diabetes, insuficiência cardíaca ou DPOC podem sofrer descompensações graves”.

A médica reforçou que os vírus circulantes neste período — como influenza, coronavírus e vírus sincicial respiratório — encontram ambiente propício para se espalhar. “Com o clima seco e frio, há maior replicação viral. A transmissão ocorre de 1 a 4 dias após o contato, por gotículas respiratórias ou superfícies contaminadas”.

As orientações de prevenção permanecem as mesmas já conhecidas da pandemia de covid-19: “Álcool 70%, lavar bem as mãos, uso de máscara em caso de sintomas e evitar aglomerações, principalmente para quem tem fatores de risco. E a vacina é a forma mais eficaz de prevenir casos graves”, alertou Natalie.