MARCA-ipatinga-01

CARATINGA –  Na noite dessa segunda-feira (12), representantes da Nexxus Construtora, estiveram na Câmara para apresentar a forma que a empresa trabalha e como será a construção das escolas do Projeto Mãos Dadas. No entanto os ânimos ficaram exaltados entre alguns vereadores que criticaram algumas ações da construtora.

 

A EMPRESA

Sete novas escolas e uma creche estão sendo construídas em Caratinga, com um modelo construtivo diferenciado. As obras, sob responsabilidade da Nexxus Construtora, utilizam a técnica Steel Frame, sistema construtivo a seco, que usa estruturas de aço galvanizado e fechamento em placas, permitindo maior rapidez na execução e melhor desempenho térmico e acústico.

O diretor comercial da Nexxus, Rafael Bellose, explicou que essa é a primeira vez que a empresa atua em Caratinga. “A gente já trabalha com licitações há cerca de oito anos e, em 2020, decidimos abrir nossa própria construtora. Sempre buscamos inovar, não só com tecnologia de ponta, mas com soluções mais eficientes para as obras públicas”, destacou.

Segundo Bellose, as construções fazem parte de uma licitação vencida pela empresa no ano passado. O contrato foi assinado em setembro de 2024, ainda no governo do prefeito Wellington Moreira, e as ordens de serviço começaram a ser liberadas a partir de outubro. No entanto, o diretor admite que houve atrasos no cronograma por questões burocráticas e pela transição política na Prefeitura de Caratinga. “Todo ano eleitoral é mais difícil. A licitação foi em agosto, o contrato em setembro, mas algumas liberações de projetos só vieram no final de fevereiro. Além disso, duas escolas ainda não têm local definido para construção e uma delas depende da demolição parcial de um prédio existente”, explicou.

 

REVISÕES E DIÁLOGO COM VEREADORES

Durante a reunião os vereadores levantaram questionamentos sobre a ausência de espaços de lazer, como quadras esportivas e parquinhos infantis, nos projetos apresentados. Bellose afirmou que a empresa está aberta ao diálogo e a possíveis ajustes.

“Vamos agendar uma reunião com o prefeito e já recebemos algumas solicitações. Dentro do que for possível e respeitando os limites legais das obras estaduais, estamos à disposição para adequar o que for viável. Nosso compromisso é fazer o melhor trabalho para a comunidade”, garantiu. A Nexxus venceu o processo de forma legítima e transparente. Queremos concluir essas obras e partir para as próximas, sempre com responsabilidade e respeito pela população. Onde houver problema, vamos averiguar, corrigir e entregar da melhor forma possível”, concluiu.

 

 

 

VEREADORES

Durante reunião na Câmara Municipal, o vereador Elzo Martins fez duras críticas à condução das obras das escolas públicas em construção no município e denunciou supostas irregularidades nos contratos e na execução dos serviços. Segundo o parlamentar, caso ocupasse o cargo de prefeito, teria suspendido imediatamente os contratos com a empresa responsável. “Se fosse eu o prefeito de Caratinga, vocês não construiriam nem um banheiro aqui. Porque obra que não cumpre contrato tem que ser parada, sem conversa. Era para essas escolas terem sido entregues em março e tem escola que nem começou ainda”, afirmou Elzo.

O vereador relatou ainda ter recebido informações da secretária municipal de Educação, Maria José, sobre problemas encontrados na vistoria realizada na Escola Municipal Ilha da Fantasia, no bairro das Graças. “A secretária me informou que a escola não tem quadra, não tem parquinho e que, além disso, foram identificadas duplicidades na execução de serviços — ou seja, o mesmo serviço pago duas vezes, com nomes diferentes”, disse.

Elzo Martins também apresentou aos vereadores um relato enviado pelo engenheiro Elci Barbosa de Barros Júnior, responsável pela vistoria técnica em algumas das unidades escolares. Segundo o documento, foram encontrados serviços pagos mais de uma vez e materiais utilizados que não correspondem aos especificados na planilha contratual. “O engenheiro informou que constatou cerca de dois milhões de reais em serviços pendentes, alguns já pagos e não executados ou pagos de forma duplicada”, revelou o vereador.

O vereador José Cordeiro disse sentir-se envergonhado de ver o debate na Casa, fugindo da verdadeira essência. “Tem dinheiro pra construir escola com quadra, parquinho, tudo que aluno tem direito, a prefeitura tem que assumir de forma firme esse assunto”.

Já o vereador Juarez diz que tem chamado o projeto de “problema de mãos dadas”. “Tudo isso cobrado aqui hoje tinha que ter sido cobrado no momento da licitação, deveria ter sido cobrado lá atrás. Nada contra a empresa, não conheço, mas devemos fiscalizar para não jogarem essa responsabilidade nas nossas costas”.

Nêgo, por sua vez disse que se revogar o contrato e voltar pro governo do estado, serão mais cinco anos sem escolas. “O governo do estado aprovou o projeto, a prefeitura também, temos que fiscalizar. Temos que ter bom senso pra resolver, se tem que mexer no projeto, vamos mexer”.

O presidente do legislativo Cledinho afirmou que se o assunto tivesse sido discutido no passado, não precisava estar passando por problemas agora.

Por fim, o diretor comercial da empresa, Rafael Bellose disse que a Nexxus está aberta pra fiscalizar juntos aos vereadores e refazer o que for preciso, ressaltando ainda que não houve pagamentos duplicados, e tudo será provado.

 

SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO

 

Em conversa com a reportagem a secretária de Educação Maria José, disse que nessa terça-feira (12), representantes da construtora, conselho da educação e vereadores comparecem à obra da escola no bairro das Graças. “Está sendo um levantamento técnico pela empresa para comprovar o material executado na obra, e outro feito pela secretaria de Educação, de acordo com a planilha do certame. Após esses levantamentos os documentos serão enviados para o convênio do projeto “Mãos Dadas”, que darão um parecer”.

 

BOX

 

MÉTODO STEEL FRAME

 

Existem exemplos que demonstram a aplicação desse sistema construtivo no setor educacional. Um caso é o da Inova BH, que, por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP), construiu 37 escolas em Belo Horizonte utilizando o Light Steel Frame (LSF). Esse método permitiu a entrega das unidades em apenas dois anos, beneficiando cerca de 20 mil alunos. O LSF é caracterizado por estruturas leves de aço galvanizado, proporcionando rapidez na construção, qualidade, padronização e sustentabilidade.

Debate aconteceu durante a reunião da Câmara desta segunda-feira (12)