Lions Clube Caratinga Centro oferta aulas gratuitas de bordado, crochê e tricô
CARATINGA- As linhas se entrelaçam, os pontos se formam, e, aos poucos, surgem tapetes, bolsas e até novas amizades. Mais do que artesanato, o projeto “Mãos que Transformam”, do Lions Clube Caratinga Centro, está ajudando a resgatar o bem-estar, a autoestima e o convívio entre pessoas de diferentes gerações — com agulhas, novelos e muito carinho.
Criado há três meses, o projeto realiza aulas gratuitas de bordado, crochê e tricô todas as quintas-feiras, das 14h às 16h, na sede do clube, situada à Praça da Estação. Segundo o presidente Artur Araújo, a proposta vai além do ensino técnico. O verdadeiro propósito é oferecer acolhimento e oportunidade de convivência.
“É uma forma de tirar as pessoas de casa, trazer para um momento de descontração, bate-papo, encontro com as amigas”, destaca Artur. Ele observa que os encontros também atuam como um apoio emocional: “Indiretamente, a gente ajuda um pouquinho no combate à depressão, porque a pessoa tendo alguma atividade, se sentindo útil, ajuda muito na mente também”.
O projeto é inclusivo, aberto a pessoas de todas as idades. “Nós temos desde adolescentes até terceira idade aqui. Todo mundo se entrosa bem, bate o papo. É um momento bem gostoso”, reforça. Para participar, basta comparecer. “É só chegar na sede do clube, neste horário de quinta-feira, e já começa”.
E os resultados já são visíveis. “Pessoas com poucas aulas já estão fazendo trabalhos bem interessantes, trabalhos mais complexos, sabe? Muito bacana”, comemora o presidente.
Troca de saberes e afeto
A condução das aulas de crochê é feita com delicadeza e paciência por Maria Aparecida da Silva Araújo, voluntária apaixonada pela arte que pratica desde a juventude. “A vida inteira fiz crochê. Adoro fazer. Quando surgiu a ideia de a gente começar aqui, fui a primeira a dizer: eu ajudo no crochê”, conta com entusiasmo.
Para ela, o retorno emocional é imenso. “Tá sendo uma experiência maravilhosa. A gente vê a pessoa feliz em estar produzindo alguma coisa, aprendendo. Tem alunos que chegaram aqui e não sabiam pegar nada. E hoje já estão fazendo peças. Tem uma que sozinha fez uma bolsinha para ela, outra já fez um tapete”.
Com o espaço propício ao aprendizado, ela revela que também é aprendiz. “Eu também estou aprendendo. Ensino o que eu sei e a colega ensina o que ela sabe. Tem uma aluna aqui que faz macramê, e eu já quero aprender também. É mais uma coisa pra acrescentar ao nosso trabalho.”
Além do aprendizado técnico, ela reconhece o valor da convivência e brinca a respeito da conversa animada. “Tem dia que a conversa flui mais do que o trabalho. Mas isso é muito bom, né? Conversar, espairecer… a pessoa até alivia um pouco dos sofrimentos que tem”.
Experiência
Entre as alunas, a experiência tem sido surpreendente e transformadora. Maria Inês, por exemplo, chegou pela primeira vez sem saber o que esperar. Foi o filho quem a incentivou. “Ele falou assim: ‘mainha, vai que a senhora vai gostar’. Aí eu tô assim, meu Deus, o que que é? Cheguei e a surpresa foi ótima, muito bom!”
Logo na primeira aula, ela já conseguiu evoluir. “Sabia nem pegar na agulha. E já fiz uma correntinha, hein, gente? Primeiro dia, hein?” Ela aproveita para convidar outras mulheres: “Venham aprender, venham se divertir, venham botar a conversa em dia. A professora é top! Muita coisa boa pra mulherada aprender.”
Entre risadas e histórias compartilhadas, também há espaço para aquelas que se cobram um pouco mais. É o caso de Rosângela Dornelas, que participa do projeto desde o início, mas admite com sinceridade e bom humor que ainda precisa se dedicar mais fora do grupo. “Tem três meses que eu venho, mas tem semana que não dá pra vir, né? Aí eu falto. E eu sou preguiçosa, porque não continuo o serviço em casa. Só quando eu venho aqui que eu faço”, confessa, como quem dá um puxãozinho de orelha em si mesma, mas sem perder a leveza.
Mesmo assim, ela se sente motivada e bem acolhida. “A Aparecida é uma grande professora, tem muita paciência, ainda mais comigo. Mas eu tô indo. Quando eu começar a pegar o jeito mesmo, vai melhorar.” Rosângela também destaca o clima de amizade. “Cada um conta um caso, tem papo diferente, mais tarde tem um lanchinho. É bom demais!”
E faz um convite especial: “Pode vir gente, é muito bom! A gente sempre quer conhecer trabalhos diferentes, cada um sabe fazer alguma coisa. Quem quiser vir ensinar pra gente também, tá convidado!”
O Lions Clube Caratinga Centro reforça que as aulas são abertas a todos, e que materiais básicos são oferecidos. Caso o participante queira fazer algo específico, pode trazer os próprios materiais, com a orientação da professora.
E de fato, em cada encontro, as mãos tecem bem mais que fios: constroem autoestima, afeto e novos começos.
