Mãe relembra momentos de superação com o filho e destaca a importância da APAE na trajetória da família
CARATINGA– O Dia das Mães é, para muitas mulheres, uma data marcada por flores, presentes e almoço em família. Mas, para Aparecida Batista Martins Luís, moradora do Bairro Esplanada, em Caratinga, é também um lembrete de fé, resiliência e gratidão. Mãe de Breno Luiz Martins, de 24 anos, ela carrega consigo uma história que emociona e inspira: a trajetória de amor ao filho, diagnosticado com deficiência intelectual grave e desvio de coluna e é atendido pela APAE de Caratinga desde os 10 anos de idade.
Uma gravidez inesperada e cheia de incertezas
A mãe conta que a gestação de Breno aconteceu mesmo após procedimentos para não engravidar novamente, o que a pegou completamente de surpresa. “A gravidez do Breno foi após uma laqueadura. Fiz a laqueadura pela segunda vez, aí engravidei do Breno e não sabia. Quando descobri, já estava no oitavo mês. No mês seguinte, ganhei ele sem ter feito um pré-natal direito, porque eu não sabia. Era laqueadura”.
Segundo Aparecida, desde os primeiros meses de vida ela percebeu que o filho não se desenvolvia como era esperado para a idade dele. “Com dois meses percebi que ele tinha nascido diferente. Ele tinha muita dificuldade para amamentar. Com três meses ele não virava, não mexia direito. Do jeito que colocava, ele ficava. Com quatro, cinco meses… e ele só quietinho”.
Sem apoio pediátrico em sua cidade natal Itabirinha de Mantena, procurou ajuda médica em Governador Valadares, onde Breno foi internado. “Lá falaram que ele tinha microcefalia. Depois, também descobriram problemas cardíacos e dificuldades motoras. Como eu já tinha quatro filhos, percebi que ele era diferente”.
“Foi o momento mais marcante da minha vida”
Entre tantas batalhas, Aparecida guarda com carinho a lembrança do dia em que Breno deu os primeiros passos — um acontecimento emocionante e cheio de significado. “Com oito meses ele começou a sentar. Até os dois anos não andava. Começou a andar com quase três anos e meio. E foi dentro da igreja. Eu estava ajoelhada, aí um dos meninos me chamou: ‘Mãe, olha pra trás’. Eu pedi silêncio, porque não era hora de conversar, mas ele insistiu. Quando virei, o Breno estava andando. Chorei demais, agradeci a Deus, abracei ele. Foi benção pura”.
Foi em 2011, após se mudar para Caratinga, que Aparecida conheceu a APAE. A oportunidade veio por uma vizinha que percebeu a necessidade de atendimento especializado. “Eu morava no fundo da casa da irmã do doutor Leonardo, e ela me orientou a procurar a Neuzinha na APAE. Ela avaliou o Breno, e em duas semanas já tinha saído a vaga. Foi rápido.”.
Desde então, a vida de Breno mudou. Ele passou a ser acompanhado por fonoaudiólogo, fazer fisioterapia e participar das oficinas escolares da instituição. “A APAE é nota 1000, não tem nem o que falar. O Breno chegou aqui e não conversava. Se alguém cumprimentava, ele escondia atrás de mim. Aqui ele passou a interagir, estudar e aprender”.
A mãe não tem dúvidas ao afirmar: “A APAE pra mim é a segunda casa do Breno”
O sorriso de todos os dias
Hoje, Breno é um jovem cheio de energia, com rotina própria e muita alegria. “Ele gosta de dançar forró, fazer capoeira. Acorda perguntando se dormi bem, vai ao banheiro sozinho, escova os dentes, toma banho. De vez em quando a gente dá uma olhadinha, mas ele faz tudo sozinho”.
Para Aparecida, o filho é um exemplo de superação e lição de vida: “Eu olho pra ele assim … tem tudo pra reclamar e só vive sorrindo. Não reclama de nada. Aprende todos os dias. Me ensina todos os dias”.
Mensagem para todas as mães
Neste Dia das Mães, Aparecida deixa um recado cheio de sentimento. “Eu não tenho a minha mãe mais, mas pra quem tem, todos os dias abrace e beije. Porque o Dia das Mães é todos os dias. Tem um dia especial? Tem. Mas a gente tem que dizer que ama todos os dias. Mãe é superação, é compreensão, é tudo”.
E, ao final da conversa, Breno fez questão de deixar sua mensagem para Aparecida, sorrindo com orgulho: “Eu amo minha mãe!” — disse, antes de dar nela um abraço apertado.