Duda Lima, da equipe de Nunes, saiu ensanguentado após ter levado um soco de um membro da campanha de Marçal. Lima chegou a ir para o hospital e levou seis pontos no rosto.
Um vídeo mostra o exato momento da agressão entre membros das equipes do candidato Pablo Marçal (PRTB) e Ricardo Nunes (MDB) no fim do debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo organizado pelo Grupo Flow em parceria com o Grupo Nexo, da Faculdade de Direito da USP, na noite desta segunda-feira (23).
O início da confusão ocorreu após a expulsão de Marçal (PRTB) por quebrar as regras durante as considerações finais. Em outros momentos, houve também ataques pessoais. Não houve agressão entre os candidatos.
Paralelamente, Duda Lima, da equipe de Nunes, e Nahuel Medina, de Marçal, estavam nos bastidores. Segundo a equipe do ex-coach, Duda teria dado risada quando Marçal foi advertido pelo mediador. Um vídeo feito pelo próprio Medina mostra os dois assessores aparentemente se provocando. Na sequência, outra gravação mostra Duda conversando com outras pessoas quando Medina o agrediu com um soco. A agressão deixou o rosto de Lima ensanguentado, e ele precisou levar 6 pontos.
A polícia foi acionada e Lima e Nahuel Medina foram encaminhados ao 16º DP.
Estavam vetados insultos, ofensas, xingamentos e uso de apelidos pejorativos, e o participante que infringisse alguma das regras receberia advertências, sendo retirado se acumulasse três delas. Marçal foi advertido seguidamente após chamar Nunes por um apelido, o que resultou na expulsão.
“Tomei três advertências numa fala”, reclamou o ex-coach. “Essa é a minha indignação como cidadão aqui agora e não faz o mínimo sentido, eu usei do meu tempo, fui advertido, segui nas regras, ele [Tramontina] poderia me advertir depois que eu terminar de falar, ele até verbalizou. Por que você está usando esse último momento? Porque o último momento é meu, veio do sorteio”, afirmou Marçal.
“Eu reprovo completamente o que o marqueteiro [Duda Lima], que ganha milhões, fez contra a pessoa da minha equipe e está aprovado dentro do meu Instagram agora. Não era proibido a equipe gravar lá dentro, só que ele perdeu a inteligência emocional”, completou Marçal.
Sobre a confusão, Boulos disse que “houve agressões onde estavam os assessores”. “Pelo que a gente viu, [houve] uma troca de agressões. Um assessor do Marçal agrediu um do Nunes. Enfim, mas não tenho essa clareza porque não estava onde estavam os assessores”, disse.
O debate
Guilherme Boulos (PSOL), José Luiz Datena (PSDB), Marina Helena (Novo), Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB) e Tabata Amaral (PSB) participaram do debate e responderam questões de especialistas com foco em saúde, educação, segurança pública, acessibilidade, transporte e população em situação de rua.
Em cerca de duas horas, foram três blocos de perguntas e respostas e um com as considerações finais. A mediação foi feita pelo jornalista Carlos Tramontina. Pelas regras, apesar de estarem lado a lado, não houve um momento em que um candidato perguntasse diretamente a um adversário. Todas as perguntas foram feitas por especialistas e eleitores.
Três direitos de resposta foram pedidos, por Boulos, Datena e Marçal e apenas o do ex-coach foi concedido.
Em um dos embates, questionados sobre quais suas propostas para resolver o problema da fome na capital, Nunes afirmou que “não é razoável que as pessoas passem fome nessa cidade que é a maior cidade do nosso país. E é por isso que eu estou fazendo um grande programa de segurança alimentar reconhecido pela ONU”.
O prefeito, que disputa a reeleição, disse que criou “o Fundo Municipal de Segurança Alimentar. São R$ 340 milhões que nós estamos aplicando em várias frentes”. Cita o Cozinha-Escola, “dentro da comunidade, que ensina a pessoa a cozinhar a gastronomia e fornece cada um 400 refeições. Além disso, a gente distribui 7 mil cestas básicas todos os dias. A prefeitura de São Paulo distribui por dia, entre os nossos serviços para as pessoas, gratuitamente, 2,6 mil refeições por dia”.
Marina Helena, sorteada para comentar, afirmou que “a gente vai comemorar mesmo na prefeitura quando a gente não precisar distribuir 2 milhões [sic] de refeições por dia. O que a gente precisa cuidar é para que essas pessoas saiam dessa situação, e elas possam conseguir comprar a sua comida. O melhor programa social de todos é o emprego. A gente precisa trazer essas pessoas, colocá-las em locais adequados, em abrigos adequados, restabelecer os vínculos familiares, porque a família é a base de tudo, mas principalmente capacitar essas pessoas para o mercado de trabalho. O que eu tenho de proposta aqui é o que deu certo em Minas Gerais, que formou mais de 150 mil pessoas em parceria com o setor privado. Quem forma é o setor privado”.
Em outro momento, a respeito da poluição recorde do ar registrada neste mês na capital, Marçal afirmou que a primeira coisa a ser feita, com ajuda do governo do estado é “aprovar isenção de IPVA para carros elétricos”. “Isso já vai eletrificar a frota nesses próximos 10 anos. O que a gente precisa também é concluir esse plano de colocar combustível verde nesses mais de 12 mil ônibus dessa cidade. Nós precisamos, com essas 48 mil ruas que a gente tem, plantar 3 milhões de árvores”.
Antes que o evento começasse, enquanto Nunes saía do estúdio, Marçal provocou o adversário e o chamou de “Tchutchuca do PCC”, “ladrão de merenda” e disse que “2025 você vai passar na cadeira”.
O prefeito, por sua vez, chamou o ex-coach de “condenadinho” e falou que ele “está roubando até apelido” (veja vídeo acima).
O prefeito Ricardo Nunes, que disputa a eleição, era dúvida no debate. Ao chegar, contou que pensou em não comparecer porque tinha outras três agendas. “Conseguimos remarcar e estou aqui. É importante ter o debate para ter essa oportunidade de discutir a cidade”, afirmou.
Fonte: G1